Anos atrás, a ansiedade de separação prevalecia apenas em cães, mas agora também se reconhece que os gatos enfrentam problemas relacionados à separação, apesar de parecer que os gatos requerem menos atenção e raramente são afetados pela ausência humana. Neste artigo, aprenderemos sobre as causas e o tratamento da ansiedade de separação em gatos.
Os fatores que podem causar problemas relacionados com a separação em gatos parecem consistentes com os dos cães, incluindo tutores que ficam muito tempo fora de casa (trabalhando, por exemplo), viagens frequentes e perda de um outro pet ou membro da família.
Infelizmente, há poucos estudos relativos à ansiedade de separação em gatos. Embora as apresentações dos casos sejam diferentes das dos cães, a detecção e o manejo dessa condição apresentam desafios para os tutores, profissionais veterinários e especialistas em comportamento animal.
A ansiedade de separação pode ser debilitante tanto para o dono quanto para o gato. A identificação, o tratamento e a prevenção precisos de problemas relacionados à separação são importantes para o bem-estar dos gatos e para a qualidade das relações entre humanos e gatos.
Causas hipotéticas de problemas relacionados à separação
O mito de que TODOS os gatos são indiferentes e solitários não procede.
Os gatos podem formar laços estreitos com os donos e, portanto, são propensos a apresentar comportamentos de distanciamento e respostas fisiológicas devido à ausência temporária ou permanente do dono.
Não há um único gatilho.
Os problemas relacionados à separação podem ter várias motivações emocionais negativas subjacentes relacionadas ao medo, ansiedade, pânico, tristeza e apego excessivo às pessoas. Curiosamente, pesquisas também descobriram que uma ocorrência maior de ansiedade de separação foi registrada em lares com duas donas mulheres do que no restante dos cuidadores amostrados.
Claramente, existem muitas razões pelas quais um gato pode desenvolver essa condição. Vamos explorar algumas das possíveis causas.
Desmame Precoce, Abandono e Trauma
Problemas relacionados à separação são frequentemente observados em animais de estimação órfãos, junto com aqueles que foram separados precocemente de suas mães e irmãos. Idealmente, os gatinhos devem permanecer com a sua família natural até às oito semanas de idade.
Gatos abandonados quando jovens e posteriormente resgatados, assim como aqueles que sofreram um evento traumático, são igualmente predispostos à essa ansiedade.
Genética
É teorizado que a genética individual pode contribuir para ansiedade de separação felina. Raças orientais com pedigree, como o Siamês e Burmês, também podem ser mais vulneráveis a dificuldades de separação.
Gatos que vivem dentro de casa, entediados
A pesquisa descobriu que gatos que vivem dentro de casa, com pouco o que fazer e sem brinquedos para brincar, apresentam maior incidência de ansiedade de separação.
Gatos idosos e deficientes
Os animais que ficaram incapacitados ou cujas circunstâncias possam ter mudado também podem ser afetados, incluindo gatos com mais de 8 anos que podem ser suscetíveis a problemas relacionados com o distanciamento. Da mesma forma, gatos com disfunção cognitiva também podem ser menos competentes para lidar com a ausência de um tutor e sofrerão da ansiedade.
Gatos hipersensíveis carentes
Os felinos que são hipersensíveis ao ambiente e dependem apenas dos seus tutores para o envolvimento social podem tornar-se ainda mais grudentos e ansiosos quando se depararem com a ausência do dono. Precisamos estar atentos para não reforçar o comportamento carente através do nosso nervosismo.
Meu gato tem ansiedade de separação?
A pandemia do Covid19 destacou o desafio da mudança e da perda de rotina que muitos animais de estimação e tutores enfrentam. Vários gatinhos, como meu Simba, têm dificuldade de adaptar a mudanças constantes de horários, lambendo itens, choramingando e vomitando quando eu chego.
Se você voltou ao trabalho em tempo parcial ou integral e suspeita que seu gato pode estar sofrendo sintomas de angústia de separação, há algumas coisas que você pode fazer para determinar se ele está ou não mostrando sinais de ansiedade de separação.
Comece a manter registros dos comportamentos do seu gato ao você sair e voltar para casa, de qualquer distúrbio de apetite e do impacto que sua ausência tem sobre ele. Ter câmeras em casa para monitorá-lo pode ser um recurso ótimo para ajudar com o diagnóstico.
Sintomas de ansiedade de separação em gatos
A ansiedade de separação pode manifestar-se como apego, agitação, angústia antes do tutor sair de casa, recepções muito empolgadas quando o tutor volta para casa, incluindo comportamentos problemáticos como:
- O comportamento destrutivo é o sinal mais relatado de ansiedade de separação (destruir objetos domésticos, mastigar móveis, bater em itens, acessar armários, arranhar freneticamente portas/janelas)
- Vocalização excessiva (choro, uivo, gemido e miado)
- Fazer as necessidades fora da caixa de areia (principalmente na cama do dono, mas também em sofás, roupas, embaixo dos móveis e na pia da cozinha)
- Comer muito rápido ou perda de apetite (anorexia) enquanto o dono está ausente
- Vômito (com comida ou pelo)
- Depressão
- Inatividade
- Tendências agressivas
- Lamber-se excessivamente
É vital observar que os estressores crônicos têm o potencial de contribuir para sinais clínicos além do período de separação (Johnson, 2020).
Tratamento de ansiedade de separação de gatos
É necessário um diagnóstico abrangente para tratar a ansiedade de separação; começando com um exame de saúde para descartar condições subjacentes, combinado com uma avaliação comportamental.
A modificação ambiental e comportamental simultânea, juntamente com feromônios, suplementos e massagem terapêutica, também é necessária para gerenciar e tratar os desafios relacionados à separação.
Melhoria ambiental
O enriquecimento ambiental é um componente chave do bem-estar felino. Revise o habitat atual e as oportunidades potenciais para expressar comportamentos felinos normais.
Imite ações de caça e busca por comida com a utilização de quebra-cabeças de comida, coloque estruturas verticais para provocar escalada junto com arranhadores para preservar as garras, marcar território e permanecer em forma.
Estimule as brincadeiras diárias e o comportamento predatório com brinquedos, erva-de-gato, cordas, cama, caixas de papelão e treinamento semanal com clicker.
Criar comandos para o momento de sair de casa
Não ignore seu gato ou saia sorrateiramente, deixando-o perceber que foi deixado sozinho!
As saídas e chegadas devem ser o mais calmas possível; fazer muito alarde pode desencadear superestimulação e agravar a ansiedade. Dar sinais de que você vai sair deve fornecer interação social homem-gato positiva, confiável e previsível por meio de comandos como “vá para o tapete”, “vá para a toalha” ou “vá para a cama”.
Isso pode ser conseguido atraindo o gatinho com um petisco, seguido de escovação para os gatos que gostam. Uma vez que o tapete esteja vinculado ao relaxamento, você pode gradualmente sair de casa sem problemas.
Em última análise, o tapete/cama/toalhinha deve funcionar como uma área de descanso, ensinar habilidades de enfrentamento e permitir ao gato interagir positivamente com o ambiente (Johnson, 2020).
Refúgio tranquilo
Monte um cantinho dedicado para gatos estressados e pouco ativos, que possa acomodar comida, água, caminha, pontos altos para que ele suba, arranhadores e caixa de areia (não próxima). Certifique-se de que essa área atenda às necessidades básicas com o mesmo conforto com a adição de um difusor de feromônios, roupas com o cheiro do tutor e música suave para gatos.
Permita que seu gato tenha escolha e explore esse refúgio de boa vontade, fazendo uma associação positiva com o uso de petiscos e brincadeiras.
Dessensibilização de gatilho
Certas atividades como pegar chaves, o casaco, a bolsa ou usar sapatos antes de sair podem provocar ansiedade. Se o seu gato o segue ou fica nervoso sempre que você pega ou segura esses itens, deve ser útil dessensibilizá-lo, realizando essas atividades em horários não planejados, sem sair.
Repita várias vezes os treinos (manhã, tarde, noite) com um breve passeio, aumente gradativamente o tempo que passa fora, até que se acalmem.
Produtos calmantes
Vários produtos calmantes podem ser utilizados para reduzir a ansiedade e promover sentimentos de tranquilidade e bem-estar.
Um feromônio sintético derivado da nutrição de gatas mães (produto químico produzido no sulco mamário) chamado Feliway Multicat também é benéfico para gatos ansiosos e medrosos e para redução de tensão em lares com vários gatos.
Nutracêuticos e Ervas
Estudos revelaram que a suplementação de curto prazo de L-triptofano para cães e gatos levou à redução de comportamentos relacionados ao estresse e à diminuição dos sinais de ansiedade quando combinada com uma dieta com pouca proteína Pure Animal 2014). Isso deve ser discutido com seu veterinário e usado com cautela se combinado com outros medicamentos.
Foi relatado que a suplementação de Zylkene (alfa-casozepina, um peptídeo bioativo derivado do leite) proporciona um efeito de redução da ansiedade, assim como o medicamento diazepam (Valium), sem os efeitos colaterais do uso de diazepam. É fácil administrar a gatos com a comida, com poucos ou nenhum efeito colateral relatado.
Certas misturas de essências florais e remédios florais de Bach são naturais, seguras e podem ajudar quando o gato está se escondendo. Consulte o seu veterinário antes da administração de nutracêuticos, para checar se há contra-indicações!
Massagem Terapêutica para Gatos

A massagem regular pode ajudar a aliviar o estresse, incluindo a ansiedade de separação em gatos.
A Massagem Terapêutica Felina diária ou semanal pode ajudar a reduzir problemas comportamentais relacionados ao estresse, juntamente com alterações ambientais e suplementação. Os proprietários podem ser ensinados a aplicar massagens em casa, o que pode reforçar ainda mais o vínculo dono-pet.
Medicamentos
Em casos extremos, medicamentos ansiolíticos podem ser necessários após consulta com seu veterinário geral ou veterinário comportamentalista.
Problemas relacionados à separação felina podem ser difíceis de diagnosticar graças à pouca compreensão e estudos de caso limitados.
A correlação entre angústia de separação e devoção é uma área de pesquisa contínua tanto em cães quanto em gatos.
Apesar da falta de pesquisas, existe uma enorme coleção de dados caninos junto com possíveis intervenções. A manutenção de registros, paciência e cooperação com a equipe veterinária podem ajudar a reduzir a ansiedade de separação.
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